Papers by Eliakim F Oliveira
Cadernos Espinosanos, 2019
O artigo procura apresentar as modificações do clássico argumento da existência de Deus feitas po... more O artigo procura apresentar as modificações do clássico argumento da existência de Deus feitas por Leibniz nos textos Novos ensaios sobre o entendimento humano e Meditações sobre o Conhecimento, a Verdade e as Ideias. Defende-se que já há em Leibniz uma leitura "ontologizante" de Anselmo, cuja razão bem pode ser a apropriação cartesiana do argumento. O plano de fundo dessa discussão é a maneira como os filósofos, quando leem outros, na medida em que possuem suas próprias agendas filosóficas, cometem, intencionalmente ou não, o que se chama, neste artigo, "deslize filosófico".
This paper aims to insert the poet Roberto Bicelli in the surrealist tradition of poetry. In orde... more This paper aims to insert the poet Roberto Bicelli in the surrealist tradition of poetry. In order to do so, we try to identify some poetic figures of Baudelairean matrix in the poetry of the Brazilian author, such as those of the flâneur and the ragman. On the one hand, we try to show the place of Bicelli in the generation of authors that includes names like Roberto Piva; on the other hand, the analysis of certain poems by Bicelli in the first edition of his book Antes que eu me esqueca aims to find the implicit and explicit references of canons of the poetry of the 20th century, which will allow us to see him as a poet who is, mainly, an attentive reader of poetry, and not a mere diffuser of canons. This paper wants to show, thus, the historical consciousness and originality of Bicelli’s poetry.
Humanidades em diálogo, Feb 2, 2019
Cadernos Espinosanos, 2017
O presente artigo busca, a partir da leitura das proposições 17 e 18 do livro II da Ética, inseri... more O presente artigo busca, a partir da leitura das proposições 17 e 18 do livro II da Ética, inserir Espinosa na tradição filosófica que trata a memória como uma faculdade de caráter fundamentalmente imaginativo. Essa tradição tem destaque na modernidade com Descartes, cujo modelo físico de explicação dos mecanismos da memória é, segundo nossa leitura, aquele em voga no século XVII e o mesmo que serviu de base para a chamada pequena física da Ética, da qual depende a demonstração das proposições 17 e 18 do livro II.
Cadernos Espinosanos, 2020
A partir de uma leitura comparada da relação entre ceticismo e dogmatismo segundo Pascal e o jove... more A partir de uma leitura comparada da relação entre ceticismo e dogmatismo segundo Pascal e o jovem Hegel, o artigo defende que a interpretação segundo a qual a dialética pascaliana é trágica e não sintética, como a de Hegel, parece ainda mais evidente. Para tanto, o artigo procura mostrar que, em vez de dissolver a oposição entre dogmáticos e céticos, Pascal evidencia (de modo semelhante a Kant) a impossibilidade de um polo dar cabo do outro, trabalhando antes a tensão da oposição que a superação dela.
Pólemos, 2022
Resumo: O artigo tem por objetivo extrair a concepção didática do livro Filosofia: temas e percur... more Resumo: O artigo tem por objetivo extrair a concepção didática do livro Filosofia: temas e percursos de modo a mostrar uma abordagem do ensino de filosofia que privilegie a história da filosofia não como centro, mas como referencial de ensino. Ao fim, o artigo discute os limites e vantagens dessa abordagem.
Revista Páginas de Filosofia, 2020
Uma resenha a 'O desenvolvimento moderno da filosofia da ciência (1890-2000)', de Carlos Ulisses ... more Uma resenha a 'O desenvolvimento moderno da filosofia da ciência (1890-2000)', de Carlos Ulisses Moulines, tradução de Cláudio Abreu para o português, Scientiae Studia
Cadernos Espinosanos , 2020
From a comparative reading of the relationship between skepticism and dogmatism according to Pasc... more From a comparative reading of the relationship between skepticism and dogmatism according to Pascal and the young Hegel, this article argues that the interpretation according to which Pascal's dialectic is tragic and not synthetic (like Hegel's), seems even more evident. To this end, it seeks to show that, instead of dissolving the opposition between dogmatics and skeptics, Pascal highlights (in a similar way to Kant) the impossibility of one pole putting an end to the other, working on the tension of the opposition rather than overcoming it.
Polymatheia , 2020
Resumo: O artigo tem por objetivo o esclarecimento da expressão quantitas animae. Para tanto, bus... more Resumo: O artigo tem por objetivo o esclarecimento da expressão quantitas animae. Para tanto, busca ler o De quantitate animae segundo uma ontologia da significação, em que (1) a quantitas animae remete à semelhança da alma com Deus e (2) cada um de seus graus remete ao grau superior, até o retorno à pátria divina. O artigo concluirá, desse modo, que ambos esses aspectos ganham significado quando compreendidos como signos que remetem a uma dimensão ontológica superior. Palavras-Chave: Agostinho. De quantitate animae. Confissões. Ontologia. Linguagem. FROM SEMANTIC EQUIVOCITY TO THE ESTABLISHMENT OF AN ONTOLOGY: AN APPROACH TO AUGUSTINE'S DE QUANTITATE ANIMAE Abstract: The article aims to clarify the expression quantitas animae. To this end, it seeks to read the De quantitate animae according to an ontology of meaning, in which (1) the quantitas animae refers to the soul's resemblance to God and (2) each of its degrees refers to the superior, until the return to the divine homeland. The article will conclude, therefore, that both of these aspects gain meaning when understood as signs that refer to a higher ontological dimension.
Pólemos , 2020
This article aims to interpret excerpts from the Critique of pure reason in order to show that, i... more This article aims to interpret excerpts from the Critique of pure reason in order to show that, if Kant assumes a notion of truth by correspondence, it must be conditioned to a Kantian notion of representation. This means that insofar as Kant assumes a kind of idealism, investigating the transcendental conditions of our faculties of knowledge, it is necessary to understand that the correspondence between object and concept, between things and intellect, or between representations and represented cannot assume direct access to things. If Kant then assumes the notion of correspondence truth, it is necessary to understand how he develops a theory of representation by reinterpreting this notion of truth.
Revista Em Curso , 2019
O artigo pretende apresentar um estudo do De quantitate animae, de Agostinho de Hipona, de modo a... more O artigo pretende apresentar um estudo do De quantitate animae, de Agostinho de Hipona, de modo a propor possíveis interpretações do sentido da expressão quantitas animae. De acordo com a literatura especializada, há certa ambivalência ou ambiguidade do sentido do termo quantitas a contrastar com a univocidade de seu referente, isto é, a alma. Como ponto de partida de nossa análise do problema, propomos investigar uma hipótese de leitura segundo a qual, de acordo com a indicação de alguns dos comentadores, as investigações ensejadas pelo estabelecimento do sentido da expressão quantitas animae implicam a investigação do que pode ser tomado como, do ponto de vista agostiniano, um indicador do dinamismo próprio da alma. Ao fim do artigo, destacamos uma hipótese para futuros estudos.
Cadernos Espinosanos , 2019
O artigo procura apresentar as modificações do clássico argumento da existência de Deus feitas po... more O artigo procura apresentar as modificações do clássico argumento da existência de Deus feitas por Leibniz nos textos Novos ensaios sobre o entendimento humano e Meditações sobre o Conhecimento, a Verdade e as Ideias. Defende-se que já há em Leibniz uma leitura "ontologizante" de Anselmo, cuja razão bem pode ser a apropriação cartesiana do argumento. O plano de fundo dessa discussão é a maneira como os filósofos, quando leem outros, na medida em que possuem suas próprias agendas filosóficas, cometem, intencionalmente ou não, o que se chama, neste artigo, "deslize filosófico".
Revista Pólemos , 2019
Este ensaio procura inserir o poeta Roberto Bicelli na tradição surrealista da poesia; para tanto... more Este ensaio procura inserir o poeta Roberto Bicelli na tradição surrealista da poesia; para tanto, faz ver na poesia do autor brasileiro certas figuras poéticas de matriz baudelairiana, como as do flâneur e do trapeiro. Por um lado, procura-se mostrar o lugar de Bicelli na geração de autores que inclui nomes como Roberto Piva; a análise de certos poemas de Bicelli na primeira edição do livro Antes que eu me esqueça tem em vista, por outro lado, encontrar referências implícitas e explícitas de cânones da poesia do século XX, que permitirão vê-lo como um poeta que é, sobretudo, um atento leitor de poesia, não o reduzindo a mero difusor de cânones. Quer-se mostrar, assim, a consciência histórica e originalidade da poesia de Bicelli.
Humanidades em Diálogo, 2019
Resumo O artigo busca tecer uma crítica às ideias segundo as quais, ou a arte pós-mo-derna marca ... more Resumo O artigo busca tecer uma crítica às ideias segundo as quais, ou a arte pós-mo-derna marca certa experiência do "fim da arte" (Jameson), ou é mera "aporia da modernidade" (Habermas). Para isso, o autor indicou, por um lado, certas experiências artísticas daquilo que se convencionou como o início da pós-modernidade artística e analisou, por outro, obras expostas na 32ª edição da Bienal de Arte de São Paulo. Palavras-chave: Jameson-Habermas-Huyssen-Arte moderna-Arte pós-moderna-Crítica de arte.
O presente artigo tem por objetivo expor possíveis abordagens da história da filosofia medieval a... more O presente artigo tem por objetivo expor possíveis abordagens da história da filosofia medieval a partir do debate entre Alain de Libera e Claude Panaccio. Embora a discussão seja em específico sobre a historiografia da filosofia medieval, o plano de fundo é uma discussão a respeito de como lidar com a história da filosofia em geral ou, em última instância, como ler um texto filosófico.
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Papers by Eliakim F Oliveira
Tomando distância com relação à composição de um inventário de opiniões filosóficas transmitidas ao longo da história, um dos pontos marcantes de Filosofia: temas e percursos está na pretensão de despertar o interesse dos estudantes para compreender o que levou os filósofos “a pensar o que pensaram”, chamando atenção para os motivos pelos quais uma interrogação é formulada, para as razões pelas quais se sustenta uma posição a respeito dela. E é justamente nesse contraste entre decorar opiniões transmitidas ao longo da história e compreender as razões de uma questão e de uma posição filosófica que se manifesta a concepção de ensino e de aprendizagem responsável por orientar a proposta desse livro didático. Se, para os autores, a maior contribuição da obra tem lugar ao lado da postura de compreensão, é porque ela incrementa a espontaneidade com que surgem as questões filosóficas, permitindo acolher e auxiliar a curiosidade, diante de problemas e de posições desenvolvidos pelos filósofos. Convém sublinhar o ato por trás dessa postura de compreensão, pois nele reside o imperativo que, à maneira socrática, delineia o sentido do filosofar como ação do pensamento que não adere a fórmulas prontas, justamente porque investiga as razões de um saber.
É nesse ato, com efeito, que reside a abertura para a reflexão em filosofia, na medida em que não se trata de arrolar uma série de interrogações e respostas irrefletidas, mas de discernir o que leva aos problemas formulados por certos filósofos e o que os conduz a construir uma posição. Nesse sentido, Filosofia: temas e percursos reúne ensino e aprendizagem, ao nutrir as questões espontaneamente surgidas com as razões do que pensaram os filósofos, promovendo aquela atividade de compreensão que está sempre em operação no filosofar. Nessa tendência de destacar o ato de filosofar, é impossível não ouvir ressoar as palavras proferidas pelo professor Roberto Bolzani Filho (2005, p. 34), por ocasião da aula inaugural do Departamento de Filosofia da FFLCH — USP: “[...] este termo, uma forma verbal, ajuda-nos a sugerir a ideia de que a filosofia é sobretudo uma atitude, um tipo de atividade, em contraste com a passividade que caracteriza a concepção anterior.”
Fazendo eco às nossas preocupações de ensino e de aprendizado suscitadas por Filosofia: temas e percursos, o autor concedeu esta entrevista, na qual reflete não só sobre temas como o valor e o alcance de métodos didáticos para uma aula de filosofia, como também sobre ideias a partir das quais se pode trabalhar de forma construtiva a relação entre a filosofia e sua história.