Papers by Bernardo Brandão
Revista Ética e Filosofia Política, 2015
Apos seus tratados a respeito da alma (Eneada IV, 7 ) e do Intelecto (Eneada V, 9 ), Plotino apre... more Apos seus tratados a respeito da alma (Eneada IV, 7 ) e do Intelecto (Eneada V, 9 ), Plotino apresenta sua doutrina do Um na Eneada VI, 9 . Seu argumento: se a existencia pressupoe a unidade, qual e a causa ultima da unidade nos entes? Deve ser um principio primeiro absoluto, uma unidade absoluta. Mas, se o Um esta para alem do ser, pode ele ser conhecido pelo pensamento discursivo? Neste artigo, investigo a possibilidade de um conhecimento discursivo indireto do Um na Eneada VI, 9.
A filosofia e geralmente concebida hoje nos dias de hoje como uma pratica discursiva, na qual fil... more A filosofia e geralmente concebida hoje nos dias de hoje como uma pratica discursiva, na qual filosofos elaboram doutrinas e argumentos. Mas essa nao e a unica visao possivel. Em alguns contextos da Antiguidade, ela era tambem concebida como um modo de vida. Neste artigo, analiso como o platonismo do periodo imperial, especialmente Plotino, compreendia essa vida filosofica e como doutrina e argumentacao, ascensao da alma e terapia das paixoes estavam inseridas nessa visao.
Nocao central da filosofia politica aristotelica, o bem comum, tornou-se uma ideia confusa e cont... more Nocao central da filosofia politica aristotelica, o bem comum, tornou-se uma ideia confusa e contestada na modernidade. Na discussao filosofica que se segue a publicacao de Uma Teoria da Justica de Rawls, ela volta a tona, em autores como Alasdair MacIntyre e Michael Sandel, como ferramenta para manifestar os limites do liberalismo contemporâneo e de sua tese da prioridade do justo sobre o bem. Neste artigo, apos apresentar uma sintese da nocao classica do bem comum (Aristoteles e Tomas de Aquino) e de suas transformacoes na modernidade, refletimos sobre sua retomada no debate contemporâneo no pensamento de Michael Sandel e Martha Nussbaum.
One of the most interesting aspects of the philosophy written in the Enneads is the doctrine of t... more One of the most interesting aspects of the philosophy written in the Enneads is the doctrine of the union of the soul with the Intellect and the One. According to Plotinus, the reality is composed of several levels disposed in a relation of anteriority and posteriority: sensible world, Soul, Intellect, One. This view may seem a rigid one, but in the light of the doctrine of the union, the whole question becomes more complex. Some texts seem to imply that the soul can become united with the the Intellect and the One. But what is this union? How is possible to the soul become united with these hypostases and, in a certain way, during this union, to become these hypostases? Is it a real union and a real transformation or just an experience that seems like an union? How can the way of ascension of the soul can challenge the static relation between the hypostases? In this paper, I try to investigate these problems, analysing in first place some texts of the Enneads concerning the union o...
Nuntius Antiquus, 2017
Se, nos dias de hoje, na tradição analítica, o principal atributo da filosofia é o argumento lógi... more Se, nos dias de hoje, na tradição analítica, o principal atributo da filosofia é o argumento lógico, na Antiguidade, ela podia abarcar a retórica e envolver um modo distinto de vida. Neste artigo, analiso dois conceitos de filosofia, apresentados por dois filosófos medioplatônicos: Alcínoo, autor do Didascálicos, e Máximo de Tiro, que escreveu as Dialéxeis. Como integrantes de um mesmo movimento filosófico, a visão deles é, em certos aspectos, similar: ambos consideram a filosofia como uma forma de conhecimento das coisas humanas e divinas que possui consequências éticas. Mas, se para Alcínoo o modo de vida filosófico é o theoretikós bíos, o ideal de Máximo é o do orador filosófico, o que é possível para ele por causa de sua noção da polifonia da filosofia.
Hypnos Revista Do Centro De Estudos Da Antiguidade Issn 2177 5346, Sep 5, 2013
In Ennead IV, 7, Plotinus affirms that the nature of man is not simple, since he has a soul and a... more In Ennead IV, 7, Plotinus affirms that the nature of man is not simple, since he has a soul and a body. The Plotinian doctrine of the relations between the soul and the body is a complex one: the body is not united with the soul, but with a kind of image of the soul. This composite of body and image of soul is the seat of the affections. In this paper, I study what Plotinus says in III, 6 about the origin of the affections in the composite and how it relates with the soul and its impassibility.
Archai: Revista de Estudos sobre as Origens do Pensamento Ocidental, 2013
A navegação consulta e descarregamento dos títulos inseridos nas Bibliotecas Digitais UC Digitali... more A navegação consulta e descarregamento dos títulos inseridos nas Bibliotecas Digitais UC Digitalis, UC Pombalina e UC Impactum, pressupõem a aceitação plena e sem reservas dos Termos e Condições de Uso destas Bibliotecas Digitais, disponíveis em https://digitalis.uc.pt/pt-pt/termos. Conforme exposto nos referidos Termos e Condições de Uso, o descarregamento de títulos de acesso restrito requer uma licença válida de autorização devendo o utilizador aceder ao(s) documento(s) a partir de um endereço de IP da instituição detentora da supramencionada licença. Ao utilizador é apenas permitido o descarregamento para uso pessoal, pelo que o emprego do(s) título(s) descarregado(s) para outro fim, designadamente comercial, carece de autorização do respetivo autor ou editor da obra. Na medida em que todas as obras da UC Digitalis se encontram protegidas pelo Código do Direito de Autor e Direitos Conexos e demais legislação aplicável, toda a cópia, parcial ou total, deste documento, nos casos em que é legalmente admitida, deverá conter ou fazer-se acompanhar por este aviso. Estados de consciência e níveis do eu em Plotino Autor(es):
DoisPontos, 2013
Segundo Plotino, devemos subir novamente ao Bem, que toda alma deseja (En. I, 6, 7, 1-2). De fato... more Segundo Plotino, devemos subir novamente ao Bem, que toda alma deseja (En. I, 6, 7, 1-2). De fato, descobrimos nas Enéadas algumas importantes passagens a respeito da ascensão da alma em direção ao Intelecto e o Um. Não é claro, todavia, qual a natureza dessa ascensão: Plotino escreve sobre aspectos diferentes do processo nos diversos textos. Neste artigo, tento analisar alguns desses aspectos, pensando a ascensão como despertar, orientação das faculdades da alma, interiorização e conversão.
Classica - Revista Brasileira de Estudos Clássicos, 2018
Em seu Contra a teoria dos dois mundos em Platão, Marcelo Pimenta Marques apresenta um Platão par... more Em seu Contra a teoria dos dois mundos em Platão, Marcelo Pimenta Marques apresenta um Platão para quem não há duas realidades paralelas, sensível e inteligível, mas um todo complexo, em suas diferenciações e relações. Sua visão da ontologia platônica, desenvolvida nesse artigo, pode ajudar na formulação de uma interpretação não-dualística da ética e metafísica de Plotino, o que tento apresentar aqui.
Virtuajus, 2022
Nas últimas décadas do séc. XX, os debates em filosofia política foram marcados pelo surgimento d... more Nas últimas décadas do séc. XX, os debates em filosofia política foram marcados pelo surgimento de um neoaristotelismo que renovou a discussão ao oferecer novasperspectivas diante dos dogmas liberais. Mas, se Aristóteles voltou a ser importante para a investigação contemporânea, o mesmo não se pode dizer de Platão, cujas ideiasparecem muito distantes de nós. No entanto, podemos encontrar, na obra de John Milbank, uma tentativa de assimilar pressupostos platônicos ao pensamento políticorecente. Neste artigo, analisamos esses pressupostos, tal como aparecem em alguns de seus artigos, de modo a avaliarmos em que medida, nos dias de hoje, é ainda possível um platonismo político.
VirtuaJus, 2022
Com a queda do muro de Berlim, o liberalismo consagrou-se como a última das ideologias, a única a... more Com a queda do muro de Berlim, o liberalismo consagrou-se como a última das ideologias, a única a sobreviver e reinar, incontestada. Por um tempo, chegou-se a falar em fim da História; mas hoje, na aurora dos novos anos 20, em meio a uma pandemia e uma crise ecológica, e na sequência de uma crise econômica (2008) e uma crise política (que se manifestou, mundialmente, com clareza a partir de 2016), ele manifesta sinais mais que claros de esgotamento. * Doutor e Mestre em Filosofia Antiga pela UFMG. Professor de língua e literatura grega antiga da FALE. UFMG.
UMA POLÍTICA DA ALMA: o platonismo de John Milbank, 2022
Nas últimas décadas do séc. XX, os debates em filosofia política foram marcados pelo surgimento d... more Nas últimas décadas do séc. XX, os debates em filosofia política foram marcados pelo surgimento de um neoaristotelismo que renovou a discussão ao oferecer novas perspectivas diante dos dogmas liberais. Mas, se Aristóteles voltou a ser importante para a investigação contemporânea, o mesmo não se pode dizer de Platão, cujas ideias parecem muito distantes de nós. No entanto, podemos encontrar, na obra de John Milbank, uma tentativa de assimilar pressupostos platônicos ao pensamento político recente. Neste artigo, analisamos esses pressupostos, tal como aparecem em alguns de seus artigos, de modo a avaliarmos em que medida, nos dias de hoje, é ainda possível um platonismo político. Palavras-chave: Filosofia política contemporânea. Liberalismo político. Platonismo político.
Fundamento, 2020
Resumo Existem hoje dois grandes paradigmas na interpretação dos filósofos antigos: o analítico e... more Resumo Existem hoje dois grandes paradigmas na interpretação dos filósofos antigos: o analítico e o estrutural. Apesar de suas particularidades, eles coincidem em considerar que a filosofia é sobretudo uma questão de teses, argumentos e discurso, o que os leva a ignorar aspectos extra-discursivos dos textos. Mas, se a filosofia antiga é também, como apontou Pierre Hadot, um modo de vida, esse tipo de leitura terá suas limitações. Busco aqui considerar essas limitações a partir de uma discussão da tese de Gregory Vlastos de que haveria, no Banquete (e em outros diálogos), uma teoria platônica do amor, defendendo que esse diálogo não é um tratado sobre o amor, mas um texto protréptico sobre a filosofia e o papel que o amor tem em sua jornada. Palavras-chave: Platão. Gregory Vlastos. Pierre Hadot. Filosofia antiga. Filosofia como modo de vida. Método estrutural. Abstract There are two major paradigms in the interpretation of ancient philosophers: the analytical and the structural. Despite their particularities, they agree that philosophy is mainly a matter of theses, arguments and discourse, which leads them to ignore extra-discursive aspects of the texts. But if ancient philosophy is also, as Pierre Hadot pointed out, a way of life, this type of reading will have its limitations. I try here to consider these limitations with a discussion of Gregory Vlastos' thesis that there would be, in the Symposium (and other dialogues), a platonic theory of love, arguing that this dialogue is not a treatise on love, but a proteptic text about philosophy and the role that love has in its journey.
Kriterion, 2007
One of the most important features of Plotinus' ethical system is his doctrine of the union betwe... more One of the most important features of Plotinus' ethical system is his doctrine of the union between soul and Intellect. This union is the goal of purification procedures, the summit of dialectic practice and the basis of mystical experience. Yet how is it possible for the soul to achieve this union if it is inferior to Intellect? This paper endeavors to provide the Plotinian explanation to this problem. RESUMO Um dos aspectos mais importantes do sistema ético de Plotino é sua doutrina da união da alma e do Intelecto: essa união é o objetivo das práticas de purificação, o topo da prática dialética e a base da experiência mística. Mas, sendo inferior ao Intelecto, como é possível à alma alcançar essa união? Este artigo é uma tentativa de buscar a explicação plotiniana desse problema. Palavras-Chave: Plotino; Alma; Intelecto; Experiência Mística Plotinus states in Enneads V, 1, that the Soul and, therefore, all souls are images of the Intellect, just as the uttered word is the image of the inner word. Thus, on the one hand, it is a reality similar to the Intellect and, on the other hand, inferior and derivative. It is endowed with intellection, but the intellection that is its own is inferior, discursive. 1 Whereas in the Intellect all thought is present at the same time, the soul thinks one thing after another: one moment it is Socrates, another it is a horse, etc. 2 Being a distinct and inferior entity that thinks discursively, how can the soul unite itself so closely to the Intellect, such that it may even become an intellect? 3 * M.A. in Philosophy, Federal University of Minas Gerais. Philosophy professor at Pontifical Catholic University-Minas Gerais. 1 V, 1, 3. This doesn't mean that it is the only type of intellection that it can have. As we will see, when the soul turns to Intellect, it thinks like an intellect. 2 V, 1, 4, 16-23. 3 VI, 7, 35, 3-7; VI, 9, 3, 22-24. When intellect and soul are in lower case, it is about particular intellects and souls. When capitalized, the hypostases Soul and Intellect, as well as World Soul. It should be noted, however, that since the souls and the World Soul participate in the Soul hypostasis, and since intellects participate in the Intellect, most of the time what is said of one can in some ways also be said of the other.
Sapere Aude, 2014
RESUMO Um dos aspectos mais intrigantes da filosofia escrita nas Enéadas é a doutrina da união da... more RESUMO Um dos aspectos mais intrigantes da filosofia escrita nas Enéadas é a doutrina da união da alma com as hipóstases superiores. De acordo com Plotino, a realidade é composta de diversos níveis dispostos em uma relação de anterioridade e posterioridade: o mundo sensível, a Alma, o Intelecto e o Um. Essa visão pode parecer rígida, mas a luz da doutrina da união, a questão toda se torna mais complexa. Alguns textos parecem implicar que a alma pode se unir com o Intelecto e o Um. Mas no que consiste essa união? Como é possível para a alma se unir a essas hipóstases e, de um certo modo, durante essa união, transformar-se nessas hipóstases? Trata-se de uma união real e uma transformação real ou apenas de uma experiência que que se parece como uma união? Como o caminho de ascensão pode problematizar a relação estática entre as hipóstases? Neste artigo, tento investigar esse problema, analisando em primeiro lugar os textos das Enéadas que tratam da união da alma com o Intelecto e, em seguida, alguns textos que dizem respeito a união com o Um.
Dois Pontos, 2013
Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, Brasil resumo Segundo Plotino, devemos subir nov... more Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, Brasil resumo Segundo Plotino, devemos subir novamente ao Bem, que toda alma deseja (En. I, 6, 7, 1-2). De fato, descobrimos nas Enéadas algumas importantes passagens a respeito da ascensão da alma em direção ao Intelecto e o Um. Não é claro, todavia, qual a natureza dessa ascensão: Plotino escreve sobre aspectos diferentes do processo nos diversos textos. Neste artigo, tento analisar alguns desses aspectos, pensando a ascensão como despertar, orientação das faculdades da alma, interiorização e conversão. palavras-chave Plotino; neoplatonismo; filosofia antiga; ascensão; Enéadas; epistrophé Para compreendermos melhor o sentido da ascensão nas Enéadas, deve-mos antes considerar a doutrina das hipóstases. Seus traços gerais são bem conhecidos: em primeiro lugar, está o princípio supremo que, por ser a causa primeira, é chamado Bem e que, por não comportar nenhuma alte-ridade e ser absolutamente simples, é chamado Um. A partir dele procede o Intelecto, que é, ao mesmo tempo, a totalidade das formas inteligíveis (o tópos noetós platônico) e o intelecto (noûs) que as pensa. Em seguida, procedendo do Intelecto, está a Alma, que, sendo una e múltipla (ou seja, consistindo na hipóstase Alma, mas também na Alma do mundo e nas almas particulares), é também um ser inteligível que, no entanto, está na fronteira do imaterial, e é causa do mundo sensível, que dela procede. Na Enéada I, 6, 6, Plotino faz um resumo dessa doutrina, pensando-a na perspectiva da beleza, que é um dos temas centrais do tratado: "em primeiro lugar, deve ser colocada a beleza, que é também o Bem; deste, Recebido em 11 de maio de 2013. Aceito em 16 de setembro de 2013.
Sapere Aude, 2010
Resumo Uma das características mais importantes do pensamento de Plotino são suas descrições da c... more Resumo Uma das características mais importantes do pensamento de Plotino são suas descrições da contemplação do Um, o princípio supremo da realidade. Essa contemplação é uma experiência mística, não porque é um tipo de estado irracional, mas por sua natureza supra-racional. Neste artigo, tento resumir a visão plotiniana dessa experiência, discutindo suas particularidades. Palavras-chave: neoplatonismo; mística; Plotino Abstract One of the most interesting features of Plotinus` thought is his descriptions of the contemplation of the One, the supreme principle of reality. This contemplation is a mystic experience, not because it is a kind of irrational state, but for his supra-rational nature. In this paper, I try to summarize the plotinian view of this experience, discussing its particularities. Introdução Se pudéssemos sintetizar o pensamento de Plotino em apenas uma palavra, esta seria unidade: da multiplicidade da matéria à simplicidade do Absoluto, a realidade, em seu sistema filosófico, é composta por níveis diversos, distintos pelo grau de unidade que possuem. E, quanto maior essa unidade, mais elevada a realidade: cada ser possui mais o um na medida em que existe mais e verdadeiramente (Enéada VI, 9, 1). Assim, o mundo sensível tem uma existência mais apagada que a Alma, que por sua vez, é apenas uma imagem do Intelecto, sede do pensamento e das formas inteligíveis; por fim, no topo da * Mestre em Filosofia pela UFMG. Doutorando em Filosofia pela UFMG. Professor de Língua e Literatura
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