Alexandre Guida Navarro
Possui graduação em História (1997), mestrado em Arqueologia pela Universidade de São Paulo (2001), Doutorado em Antropologia pela Universidad Nacional Autónoma de México - UNAM - (2007) com Menção Honorífica e reconhecimento do diploma pela Universidade de São Paulo como doutor em Arqueologia e estágio em Arqueologia da Paisagem no Laboratório de Paleoambiente, Patrimônio e Paisagem do Instituto de Estudios Gallegos Padre Sarmiento, Santiago de Compostela, Espanha (2005). Possui dois Pós-Doutoramentos: um em Arqueologia Histórica no Núcleo de Estudos Estratégicos da UNICAMP (2008-2009) supervisionado pelo Prof. Dr. Pedro Paulo Funari, com bolsa FAPESP e outro em Arqueologia da Amazônia na University of Illinois at Chicago (2017-2018), sob supervisão da Profa. Dra. Anna C. Roosevelt, e com estágios pós-doutorais na Smithsonian Institute of Washington (Washington D.C., 2017), no Penn Museum - University of Pensylvannia Museum of Archaeology and Anthropology (Filadélfia, 2017) e no American Museum of Natural History em Nova York (2017). Foi professor visitante da University of Illinois at Chicago com Bolsa da Fulbright Commission na modalidade Visiting Professor Award (2017). É especialista em cultura maia, pesquisando temas como formação do Estado na Mesoamérica, arquitetura, guerra, iconografia, religião e epigrafia. Participou de escavações arqueológicas no sítio de Santa Cruz de Atizapán, que possuía vínculos com a cidade de Teotihuacán, no sítio maia de Calakmul e na Ilha Cerritos, porto da cidade maia de Chichén Itzá durante Clássico Terminal, ca. 800-1050 d.C., todos no México. Coordenou um projeto arqueológico no México. Dedica-se também, a partir de 2013, à arqueologia das Terras Baixas da América do Sul, na costa oriental da Amazônia, estudando as estearias da Baixada Maranhense, sítios pré-históricos palafíticos, focando em temas como comércio de longa distância, iconografia, padrão de assentamento, arqueologia da paisagem e formação de cacicados amazônicos. É um dos líderes do Grupo de Pesquisa História, Religião e Cultura Material - REHCULT. Coordenador do Laboratório de Arqueologia, professor Associado II do Departamento de História e professor do Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade Federal do Maranhão (LARQ/PPGHIS/DEHIS/UFMA). Foi bolsista de Produtividade da FAPEMA entre 2012 e 2014. Em 2015 ganhou o Prêmio de Jovem Cientista pela FAPEMA na modalidade de orientador de monografia. É consultor da FAPEMA. Professor colaborador da Pós-Graduação em Antropologia na University of Illinois at Chicago e pesquisador associado do Underwater Archaeology and Laboratory for Dendrochronology, Office for Urbanism, em Zurique, Suíça. É Bolsista de Produtividade do CNPq nível 2.
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exceções, como é o caso da civilização maia. Por outro lado, ao se conferir o epíteto de civilização a estes povos ameríndios, se esquece de refletir que são povos indígenas, originários da América. Neste
capítulo abordamos estas questões e chamamos a atenção para a existência de uma complexa civilização que se desenvolveu na Baixada Maranhense entre o início da era cristã até o ano 1000 d.C.
pré-colonial, formado por palafitas, na região estuarina da Baixada Maranhense. A análise do material cerâmico deste sítio evidenciou características tecnológicas semelhantes à da Tradição Inciso-Ponteada/Arauquinoide, indicando uma nova fase desta tradição arqueológica. Nesse sentido, sugere-se uma nova fronteira geográfica para a dispersão da tradição, sendo o Maranhão a porção mais oriental
dessa expansão. A análise espacial do assentamento mostrou uma área linear conectada, possivelmente por uma ponte, a outro conjunto circular. O estudo dos artefatos coletados corroborou para a interpretação de que a área linear é um espaço mais cerimonial, enquanto a circular é mais residencial. A estearia do Formoso apresenta uma forma inédita de habitação indígena nunca antes descrita na Arqueologia das Terras Baixas da América do Sul.
Embora sua cultura às vezes seja representada como uma rara sobrevivência dos primeiros grupos de caçadores-coletores do Holoceno, as evidências corroboram para grupos de uma variação regional das maiores culturas da floresta tropical da Amazônia. Embora a aculturação forçada de missionários, fazendeiros, proprietários de serrarias e agricultores no final do século 20 tenha integrado alguns Warao às nações ocidentais, a maioria deles ainda vive em áreas úmidas de florestas ribeirinhas ou de marés, como registraram os primeiros exploradores europeus. A sociedade tradicional Warao ainda é organizada em famílias matrilocais lideradas por uma mulher mais velha, suas filhas, cônjuges e filhos. Os Warao ainda vivem a partir da exploração sazonal de frutos, amido de palmeiras cultivadas, domesticadas e selvagens, ervas, cultivo de milho e pesca. A caça da maioria dos grandes animais é tabu, mas espécies menores são consumidas e patos são domesticados.
As estruturas materiais de seus assentamentos, geralmente feita de colmo, são distribuídas e construídas em plataformas elevadas sobre estacas ou no solo em diques aluviais mais altos. Pequenos edifícios rituais nos assentamentos incluem uma casa de isolamento ritual para mulheres a oeste, e, a leste, um santuário com ídolos de pedra, instrumentos rituais e um armazém para estocagem de amido
de palmeiras para festivais sazonais. A rica ideologia religiosa dos Warao concentra-se nos espíritos ancestrais e deidades astronômicas de um cosmos mítico estabelecido pela primeira xamã, uma divindade chamada “Mãe da Floresta”. Seu alter ego, a serpente da água, está representada nas canoas que os Warao se especializaram em fazer. Um festival anual liderado por mulheres e oficializado por sacerdotes-xamãs de ambos os sexos celebra a colheita de amido do buriti com
canto, dança, festa e confecção de artesanato especial. Reconhecidos como navegadores e remadores infatigáveis, os Warao sempre comercializaram ativamente seus inúmeros produtos, desde canoas, remos, redes e cestas a pássaros domésticos, cães de caça e peixes defumados.
os nativos, por seus saberes, eram atores de suas próprias histórias e não apenas subjugados pelas ações dos europeus. A análise das narrativas visibiliza que a empresa francesa se manteve, mesmo que breve, em virtude da colaboração dos Tupinambá e na permanência de alguns elementos da cultura indígena, entre eles o parlamento/assembleias e os enlaces matrimoniais que davam acesso ao trabalho feminino. E ainda, que os nativos não aceitaram passivamente a imposição unilateral de um novo modo de vida, estiveram conscientes de que os portugueses eram inimigos dos franceses, e desse modo, criaram estratégias que impôs limites ao projeto colonial dos parisienses.
ao xamanismo e aos animais que auxiliaram os xamãs em sua comunicação com os diversos mundos tangíveis.
de diferentes mundos, habitados por diferentes seres, humanos e não-humanos. Nesse trabalho explora-se a arte abstrata das estearias da Baixada Maranhense. A paisagem aquática pode ter contribuído para a construção de cosmologias em que animais circundantes tiveram uma agência social, como a anaconda. Os artefatos recuperados em campanhas arqueológicas evidenciam uma arte abstrata inédita nas terras baixas da América do Sul, em que se destaca a cor preta nos padrões decorativos. A partir da analogia etnográfica, sugere-se que esses objetos dão ênfase à pele da anaconda, um animal mítico ancestral.
forma original de fabricar el cuerpo en la Amazonía oriental prehispánica. Sugiérese que estas estatuillas se asocian a la Tradición Policroma de la Amazonía (TPA). Parece que las estatuillas muestran una forma de fabricar el cuerpo que foca 1. Mujeres personalizadas (que pasaron por la puberdad, por agencias curativas o mujeres ancestros matrilineares); 2. Chamanes figurados por animales ayudantes en su comunicación con el mundo sobrenatural.
documentação colonial escrita por padres europeus sobre os Tupinambá da ilha do Maranhão, Brasil, bem como identificar estes instrumentos. A principal fonte consultada é a História da missão dos padres capuchinhos na ilha do Maranhão e terras circunvizinhas, escrita pelo capuchinho francês Claude D’Abbeville em 1614.
exceções, como é o caso da civilização maia. Por outro lado, ao se conferir o epíteto de civilização a estes povos ameríndios, se esquece de refletir que são povos indígenas, originários da América. Neste
capítulo abordamos estas questões e chamamos a atenção para a existência de uma complexa civilização que se desenvolveu na Baixada Maranhense entre o início da era cristã até o ano 1000 d.C.
pré-colonial, formado por palafitas, na região estuarina da Baixada Maranhense. A análise do material cerâmico deste sítio evidenciou características tecnológicas semelhantes à da Tradição Inciso-Ponteada/Arauquinoide, indicando uma nova fase desta tradição arqueológica. Nesse sentido, sugere-se uma nova fronteira geográfica para a dispersão da tradição, sendo o Maranhão a porção mais oriental
dessa expansão. A análise espacial do assentamento mostrou uma área linear conectada, possivelmente por uma ponte, a outro conjunto circular. O estudo dos artefatos coletados corroborou para a interpretação de que a área linear é um espaço mais cerimonial, enquanto a circular é mais residencial. A estearia do Formoso apresenta uma forma inédita de habitação indígena nunca antes descrita na Arqueologia das Terras Baixas da América do Sul.
Embora sua cultura às vezes seja representada como uma rara sobrevivência dos primeiros grupos de caçadores-coletores do Holoceno, as evidências corroboram para grupos de uma variação regional das maiores culturas da floresta tropical da Amazônia. Embora a aculturação forçada de missionários, fazendeiros, proprietários de serrarias e agricultores no final do século 20 tenha integrado alguns Warao às nações ocidentais, a maioria deles ainda vive em áreas úmidas de florestas ribeirinhas ou de marés, como registraram os primeiros exploradores europeus. A sociedade tradicional Warao ainda é organizada em famílias matrilocais lideradas por uma mulher mais velha, suas filhas, cônjuges e filhos. Os Warao ainda vivem a partir da exploração sazonal de frutos, amido de palmeiras cultivadas, domesticadas e selvagens, ervas, cultivo de milho e pesca. A caça da maioria dos grandes animais é tabu, mas espécies menores são consumidas e patos são domesticados.
As estruturas materiais de seus assentamentos, geralmente feita de colmo, são distribuídas e construídas em plataformas elevadas sobre estacas ou no solo em diques aluviais mais altos. Pequenos edifícios rituais nos assentamentos incluem uma casa de isolamento ritual para mulheres a oeste, e, a leste, um santuário com ídolos de pedra, instrumentos rituais e um armazém para estocagem de amido
de palmeiras para festivais sazonais. A rica ideologia religiosa dos Warao concentra-se nos espíritos ancestrais e deidades astronômicas de um cosmos mítico estabelecido pela primeira xamã, uma divindade chamada “Mãe da Floresta”. Seu alter ego, a serpente da água, está representada nas canoas que os Warao se especializaram em fazer. Um festival anual liderado por mulheres e oficializado por sacerdotes-xamãs de ambos os sexos celebra a colheita de amido do buriti com
canto, dança, festa e confecção de artesanato especial. Reconhecidos como navegadores e remadores infatigáveis, os Warao sempre comercializaram ativamente seus inúmeros produtos, desde canoas, remos, redes e cestas a pássaros domésticos, cães de caça e peixes defumados.
os nativos, por seus saberes, eram atores de suas próprias histórias e não apenas subjugados pelas ações dos europeus. A análise das narrativas visibiliza que a empresa francesa se manteve, mesmo que breve, em virtude da colaboração dos Tupinambá e na permanência de alguns elementos da cultura indígena, entre eles o parlamento/assembleias e os enlaces matrimoniais que davam acesso ao trabalho feminino. E ainda, que os nativos não aceitaram passivamente a imposição unilateral de um novo modo de vida, estiveram conscientes de que os portugueses eram inimigos dos franceses, e desse modo, criaram estratégias que impôs limites ao projeto colonial dos parisienses.
ao xamanismo e aos animais que auxiliaram os xamãs em sua comunicação com os diversos mundos tangíveis.
de diferentes mundos, habitados por diferentes seres, humanos e não-humanos. Nesse trabalho explora-se a arte abstrata das estearias da Baixada Maranhense. A paisagem aquática pode ter contribuído para a construção de cosmologias em que animais circundantes tiveram uma agência social, como a anaconda. Os artefatos recuperados em campanhas arqueológicas evidenciam uma arte abstrata inédita nas terras baixas da América do Sul, em que se destaca a cor preta nos padrões decorativos. A partir da analogia etnográfica, sugere-se que esses objetos dão ênfase à pele da anaconda, um animal mítico ancestral.
forma original de fabricar el cuerpo en la Amazonía oriental prehispánica. Sugiérese que estas estatuillas se asocian a la Tradición Policroma de la Amazonía (TPA). Parece que las estatuillas muestran una forma de fabricar el cuerpo que foca 1. Mujeres personalizadas (que pasaron por la puberdad, por agencias curativas o mujeres ancestros matrilineares); 2. Chamanes figurados por animales ayudantes en su comunicación con el mundo sobrenatural.
documentação colonial escrita por padres europeus sobre os Tupinambá da ilha do Maranhão, Brasil, bem como identificar estes instrumentos. A principal fonte consultada é a História da missão dos padres capuchinhos na ilha do Maranhão e terras circunvizinhas, escrita pelo capuchinho francês Claude D’Abbeville em 1614.