Papers by Ernesto Vaz Ribeiro
ARTE E POLÍTICA. Evolução da Arte em Portugal e as manifestações na cidade do Porto. Os Artistas., 2019
A ligação entre a Arte e a Política sempre existiu numa óptica de marketing e com o objectivo de ... more A ligação entre a Arte e a Política sempre existiu numa óptica de marketing e com o objectivo de passar a mensagem do poder instituído.
No românico, com o incremento da importância da igreja na vida política, a “ideia” ganhava corpo sob a forma de um desenho que muda radicalmente a partir do século XIII, quando a religião e o feudalismo passam a ser os fulcros do poder. É o tempo do gótico quase imutável durante 300 anos que se estende pelo mundo conhecido onde a religião cristã estava implantada.
O Renascimento marca a abertura do espírito do Homem ao mundo, nomeadamente fruto das descobertas de natureza científica, a que se associavam as novas terras, novas gentes e novos hábitos.
Infelizmente o Saque de Roma e o anunciado Cisma da igreja, marcam um período de profundo recolhimento, onde os impérios se vão digladiando e a inquisição espalhando a morte de uma forma autocrática, assistindo-se a um retrair artístico representado pela arquitectura chã e maneirista.
À medida que o absolutismo ia chegando com o fim do século XVII, com o conceito de rei divino, as mais valias saídas da exploração dos novos mundos, metais preciosos, escravatura e especiarias, surge um novo boom artístico onde as classes poderosas, nomeadamente a realeza e a igreja são os principais encomendadores de arte barroca e rococó.
A queda do absolutismo, já no século XIX com a ofensiva napoleónica e com o crescimento da força inglesa e da sua política, acaba por expandir o neoclássico. A guerra sai dos mares e das planícies, para se instalar na Arte. Rocaille e neoclássico travam um combate artístico notável.
E hoje?
Ainda que o não sintamos, a verdade é que, hoje, há uma arquitectura que tomou conta do mundo. Nos dias que correm, onde o feudalismo medieval foi substituído por um feudalismo orçamental, o conceito de mais valia, pouco a pouco, vai tomando o lugar que, no passado, pertenceu a Deus. Assiste-se à construção em altura, numa óptica de fazer crescer muitas e muitas vezes um espaço e as consequentes mais valias, o motor do progresso, dizem.... Surgem os imóveis de grandes dimensões com um número indefinido de pisos, cuja génese veio do novo mundo. Contudo, numa Europa que fez o seu percurso no sistema de “trial and error” e criou os seus meios próprios de habitação e circulação ao longo de milénios, a nova arquitectura pode ser sinónimo de destruição quando encarada na óptica neoliberal que caracteriza o desenvolvimento de muitas cidades, onde o antigo é substituído, sem critério, por um modernismo bacoco. E hoje, assistimos ainda ao aparecimento do “monumento” moderno e/ou arrojado, levantado para perpetuar um qualquer político. Braga e Matosinhos, no campo mais negativo, são dois exemplos icónicos, com destruição de um passado histórico, em Braga e industrial, em Matosinhos.
No Porto, claramente, a óptica economicista levou a autarquia a executar verdadeiros crimes, demonstrando um respeito nulo pelos munícipes ao perpetrar verdadeiros atentados urbanísticos. Foi assim no Porto 2001, capital europeia da cultura, cujas manifestações foram exactamente o oposto do que é cultura. Actos irresponsáveis cometidos na destruição dos jardins de Barry Parker na Avenida e a destruição do jardim da Cordoaria, projecto de 1865 por Emile David que fazia de cada jardim, um potencial jardim botânico.
E a todos estes actos nenhum dos intitulados “historiadores da cidade do Porto” se opôs, continuando nos dias de hoje a cidade a ser miseravelmente maltratada, como acontece com as Fontainhas, perdendo a cidade a possibilidade de fazer renascer uns jardins suspensos, tirando partido das características únicas da escarpa ou mesmo, truncada de edifícios icónicos como o Quartel de Serpa Pinto, e, possivelmente, o Quartel de S. Brás.
Pobre cidade que teve no Cerco do Porto um acto épico, o mais heróico e libertador de um povo e de um país e nunca conseguiu encontrar um espaço para levantar um museu ao … Cerco do Porto.
Há coisas bem feitas? Claro que há. O Centro Português de Fotografia é um deles, assim como a recuperação de muitas casas e monumentos como foi o caso do Palácio dos Condes de Azevedo .
Mas assiste-se ao outro lado negativo, constituído pelo “varrer”, literalmente, do portuense do seu habitat natural, preferindo-se o turista porque acarreta mais valias. Assiste-se ao “arrebanhar” das pessoas, que pretendem visitar uma Sé Catedral ou uma Igreja de S. Lourenço, obrigando-os a percorrer um caminho com o objectivo de gerar mais valias.
Mas o Porto, é apenas um exemplo…
Em todo o caso esta é, de um modo geral, a mentalidade dos nossos “cultos” autarcas, alguns dos quais pretendem ser capazes de gerir um país …
ARTE E POLÍTICA. Evolução da Arte em Portugal e as manifestações na cidade do Porto. Os Artistas., 2019
A ligação entre a Arte e a Política sempre existiu numa óptica de marketing e com o objectivo de ... more A ligação entre a Arte e a Política sempre existiu numa óptica de marketing e com o objectivo de passar a mensagem do poder instituído.
No românico, com o incremento da importância da igreja na vida política, a “ideia” ganhava corpo sob a forma de um desenho que muda radicalmente a partir do século XIII, quando a religião e o feudalismo passam a ser os fulcros do poder. É o tempo do gótico quase imutável durante 300 anos que se estende pelo mundo conhecido onde a religião cristã estava implantada.
O Renascimento marca a abertura do espírito do Homem ao mundo, nomeadamente fruto das descobertas de natureza científica, a que se associavam as novas terras, novas gentes e novos hábitos.
Infelizmente o Saque de Roma e o anunciado Cisma da igreja, marcam um período de profundo recolhimento, onde os impérios se vão digladiando e a inquisição espalhando a morte de uma forma autocrática, assistindo-se a um retrair artístico representado pela arquitectura chã e maneirista.
À medida que o absolutismo ia chegando com o fim do século XVII, com o conceito de rei divino, as mais valias saídas da exploração dos novos mundos, metais preciosos, escravatura e especiarias, surge um novo boom artístico onde as classes poderosas, nomeadamente a realeza e a igreja são os principais encomendadores de arte barroca e rococó.
A queda do absolutismo, já no século XIX com a ofensiva napoleónica e com o crescimento da força inglesa e da sua política, acaba por expandir o neoclássico. A guerra sai dos mares e das planícies, para se instalar na Arte. Rocaille e neoclássico travam um combate artístico notável.
E hoje?
Ainda que o não sintamos, a verdade é que, hoje, há uma arquitectura que tomou conta do mundo. Nos dias que correm, onde o feudalismo medieval foi substituído por um feudalismo orçamental, o conceito de mais valia, pouco a pouco, vai tomando o lugar que, no passado, pertenceu a Deus. Assiste-se à construção em altura, numa óptica de fazer crescer muitas e muitas vezes um espaço e as consequentes mais valias, o motor do progresso, dizem.... Surgem os imóveis de grandes dimensões com um número indefinido de pisos, cuja génese veio do novo mundo. Contudo, numa Europa que fez o seu percurso no sistema de “trial and error” e criou os seus meios próprios de habitação e circulação ao longo de milénios, a nova arquitectura pode ser sinónimo de destruição quando encarada na óptica neoliberal que caracteriza o desenvolvimento de muitas cidades, onde o antigo é substituído, sem critério, por um modernismo bacoco. E hoje, assistimos ainda ao aparecimento do “monumento” moderno e/ou arrojado, levantado para perpetuar um qualquer político. Braga e Matosinhos, no campo mais negativo, são dois exemplos icónicos, com destruição de um passado histórico, em Braga e industrial, em Matosinhos.
No Porto, claramente, a óptica economicista levou a autarquia a executar verdadeiros crimes, demonstrando um respeito nulo pelos munícipes ao perpetrar verdadeiros atentados urbanísticos. Foi assim no Porto 2001, capital europeia da cultura, cujas manifestações foram exactamente o oposto do que é cultura. Actos irresponsáveis cometidos na destruição dos jardins de Barry Parker na Avenida e a destruição do jardim da Cordoaria, projecto de 1865 por Emile David que fazia de cada jardim, um potencial jardim botânico.
E a todos estes actos nenhum dos intitulados “historiadores da cidade do Porto” se opôs, continuando nos dias de hoje a cidade a ser miseravelmente maltratada, como acontece com as Fontainhas, perdendo a cidade a possibilidade de fazer renascer uns jardins suspensos, tirando partido das características únicas da escarpa ou mesmo, truncada de edifícios icónicos como o Quartel de Serpa Pinto, e, possivelmente, o Quartel de S. Brás.
Pobre cidade que teve no Cerco do Porto um acto épico, o mais heróico e libertador de um povo e de um país e nunca conseguiu encontrar um espaço para levantar um museu ao … Cerco do Porto.
Há coisas bem feitas? Claro que há. O Centro Português de Fotografia é um deles, assim como a recuperação de muitas casas e monumentos como foi o caso do Palácio dos Condes de Azevedo .
Mas assiste-se ao outro lado negativo, constituído pelo “varrer”, literalmente, do portuense do seu habitat natural, preferindo-se o turista porque acarreta mais valias. Assiste-se ao “arrebanhar” das pessoas, que pretendem visitar uma Sé Catedral ou uma Igreja de S. Lourenço, obrigando-os a percorrer um caminho com o objectivo de gerar mais valias.
Mas o Porto, é apenas um exemplo…
Em todo o caso esta é, de um modo geral, a mentalidade dos nossos “cultos” autarcas, alguns dos quais pretendem ser capazes de gerir um país …
MOVIMENTO OPERÁRIO PORTUGUÊS, 2019
O Movimento Operário Português gira em torno das novas políticas aparecidas em consequência das r... more O Movimento Operário Português gira em torno das novas políticas aparecidas em consequência das revoluções francesas, a que se associa uma Industrialização cujas regras foram aparecendo à medida que uma mole de operários deslocados se fazia representar, seja sob a forma de associações, seja com ligações às correntes políticas de intervenção. E foram as parcas condições de vida nos guetos citadinos, a que se associaram muitas epidemias e ainda nas fábricas, que chamaram a atenção de uma Imprensa que acompanhava os desenvolvimentos políticos e sociais. A tudo isto, respondia uma sociedade política mergulhada numa bolha onde as discussões estéreis se travavam num parlamento, enquanto a sociedade era atravessada por frequentes bancarrotas.
O presente paper descreve um pouco desse Portugal de grande parte do século XIX, um país que foi perdendo a sua identidade que conduziu à queda do sistema.
Pretende ainda, por outro lado, chamar a atenção para a importância da cidade do Porto para a luta e conquistas do operariado em Portugal, um papel frequentemente esquecido, mas que é incontornável no movimento operário português.
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No românico, com o incremento da importância da igreja na vida política, a “ideia” ganhava corpo sob a forma de um desenho que muda radicalmente a partir do século XIII, quando a religião e o feudalismo passam a ser os fulcros do poder. É o tempo do gótico quase imutável durante 300 anos que se estende pelo mundo conhecido onde a religião cristã estava implantada.
O Renascimento marca a abertura do espírito do Homem ao mundo, nomeadamente fruto das descobertas de natureza científica, a que se associavam as novas terras, novas gentes e novos hábitos.
Infelizmente o Saque de Roma e o anunciado Cisma da igreja, marcam um período de profundo recolhimento, onde os impérios se vão digladiando e a inquisição espalhando a morte de uma forma autocrática, assistindo-se a um retrair artístico representado pela arquitectura chã e maneirista.
À medida que o absolutismo ia chegando com o fim do século XVII, com o conceito de rei divino, as mais valias saídas da exploração dos novos mundos, metais preciosos, escravatura e especiarias, surge um novo boom artístico onde as classes poderosas, nomeadamente a realeza e a igreja são os principais encomendadores de arte barroca e rococó.
A queda do absolutismo, já no século XIX com a ofensiva napoleónica e com o crescimento da força inglesa e da sua política, acaba por expandir o neoclássico. A guerra sai dos mares e das planícies, para se instalar na Arte. Rocaille e neoclássico travam um combate artístico notável.
E hoje?
Ainda que o não sintamos, a verdade é que, hoje, há uma arquitectura que tomou conta do mundo. Nos dias que correm, onde o feudalismo medieval foi substituído por um feudalismo orçamental, o conceito de mais valia, pouco a pouco, vai tomando o lugar que, no passado, pertenceu a Deus. Assiste-se à construção em altura, numa óptica de fazer crescer muitas e muitas vezes um espaço e as consequentes mais valias, o motor do progresso, dizem.... Surgem os imóveis de grandes dimensões com um número indefinido de pisos, cuja génese veio do novo mundo. Contudo, numa Europa que fez o seu percurso no sistema de “trial and error” e criou os seus meios próprios de habitação e circulação ao longo de milénios, a nova arquitectura pode ser sinónimo de destruição quando encarada na óptica neoliberal que caracteriza o desenvolvimento de muitas cidades, onde o antigo é substituído, sem critério, por um modernismo bacoco. E hoje, assistimos ainda ao aparecimento do “monumento” moderno e/ou arrojado, levantado para perpetuar um qualquer político. Braga e Matosinhos, no campo mais negativo, são dois exemplos icónicos, com destruição de um passado histórico, em Braga e industrial, em Matosinhos.
No Porto, claramente, a óptica economicista levou a autarquia a executar verdadeiros crimes, demonstrando um respeito nulo pelos munícipes ao perpetrar verdadeiros atentados urbanísticos. Foi assim no Porto 2001, capital europeia da cultura, cujas manifestações foram exactamente o oposto do que é cultura. Actos irresponsáveis cometidos na destruição dos jardins de Barry Parker na Avenida e a destruição do jardim da Cordoaria, projecto de 1865 por Emile David que fazia de cada jardim, um potencial jardim botânico.
E a todos estes actos nenhum dos intitulados “historiadores da cidade do Porto” se opôs, continuando nos dias de hoje a cidade a ser miseravelmente maltratada, como acontece com as Fontainhas, perdendo a cidade a possibilidade de fazer renascer uns jardins suspensos, tirando partido das características únicas da escarpa ou mesmo, truncada de edifícios icónicos como o Quartel de Serpa Pinto, e, possivelmente, o Quartel de S. Brás.
Pobre cidade que teve no Cerco do Porto um acto épico, o mais heróico e libertador de um povo e de um país e nunca conseguiu encontrar um espaço para levantar um museu ao … Cerco do Porto.
Há coisas bem feitas? Claro que há. O Centro Português de Fotografia é um deles, assim como a recuperação de muitas casas e monumentos como foi o caso do Palácio dos Condes de Azevedo .
Mas assiste-se ao outro lado negativo, constituído pelo “varrer”, literalmente, do portuense do seu habitat natural, preferindo-se o turista porque acarreta mais valias. Assiste-se ao “arrebanhar” das pessoas, que pretendem visitar uma Sé Catedral ou uma Igreja de S. Lourenço, obrigando-os a percorrer um caminho com o objectivo de gerar mais valias.
Mas o Porto, é apenas um exemplo…
Em todo o caso esta é, de um modo geral, a mentalidade dos nossos “cultos” autarcas, alguns dos quais pretendem ser capazes de gerir um país …
No românico, com o incremento da importância da igreja na vida política, a “ideia” ganhava corpo sob a forma de um desenho que muda radicalmente a partir do século XIII, quando a religião e o feudalismo passam a ser os fulcros do poder. É o tempo do gótico quase imutável durante 300 anos que se estende pelo mundo conhecido onde a religião cristã estava implantada.
O Renascimento marca a abertura do espírito do Homem ao mundo, nomeadamente fruto das descobertas de natureza científica, a que se associavam as novas terras, novas gentes e novos hábitos.
Infelizmente o Saque de Roma e o anunciado Cisma da igreja, marcam um período de profundo recolhimento, onde os impérios se vão digladiando e a inquisição espalhando a morte de uma forma autocrática, assistindo-se a um retrair artístico representado pela arquitectura chã e maneirista.
À medida que o absolutismo ia chegando com o fim do século XVII, com o conceito de rei divino, as mais valias saídas da exploração dos novos mundos, metais preciosos, escravatura e especiarias, surge um novo boom artístico onde as classes poderosas, nomeadamente a realeza e a igreja são os principais encomendadores de arte barroca e rococó.
A queda do absolutismo, já no século XIX com a ofensiva napoleónica e com o crescimento da força inglesa e da sua política, acaba por expandir o neoclássico. A guerra sai dos mares e das planícies, para se instalar na Arte. Rocaille e neoclássico travam um combate artístico notável.
E hoje?
Ainda que o não sintamos, a verdade é que, hoje, há uma arquitectura que tomou conta do mundo. Nos dias que correm, onde o feudalismo medieval foi substituído por um feudalismo orçamental, o conceito de mais valia, pouco a pouco, vai tomando o lugar que, no passado, pertenceu a Deus. Assiste-se à construção em altura, numa óptica de fazer crescer muitas e muitas vezes um espaço e as consequentes mais valias, o motor do progresso, dizem.... Surgem os imóveis de grandes dimensões com um número indefinido de pisos, cuja génese veio do novo mundo. Contudo, numa Europa que fez o seu percurso no sistema de “trial and error” e criou os seus meios próprios de habitação e circulação ao longo de milénios, a nova arquitectura pode ser sinónimo de destruição quando encarada na óptica neoliberal que caracteriza o desenvolvimento de muitas cidades, onde o antigo é substituído, sem critério, por um modernismo bacoco. E hoje, assistimos ainda ao aparecimento do “monumento” moderno e/ou arrojado, levantado para perpetuar um qualquer político. Braga e Matosinhos, no campo mais negativo, são dois exemplos icónicos, com destruição de um passado histórico, em Braga e industrial, em Matosinhos.
No Porto, claramente, a óptica economicista levou a autarquia a executar verdadeiros crimes, demonstrando um respeito nulo pelos munícipes ao perpetrar verdadeiros atentados urbanísticos. Foi assim no Porto 2001, capital europeia da cultura, cujas manifestações foram exactamente o oposto do que é cultura. Actos irresponsáveis cometidos na destruição dos jardins de Barry Parker na Avenida e a destruição do jardim da Cordoaria, projecto de 1865 por Emile David que fazia de cada jardim, um potencial jardim botânico.
E a todos estes actos nenhum dos intitulados “historiadores da cidade do Porto” se opôs, continuando nos dias de hoje a cidade a ser miseravelmente maltratada, como acontece com as Fontainhas, perdendo a cidade a possibilidade de fazer renascer uns jardins suspensos, tirando partido das características únicas da escarpa ou mesmo, truncada de edifícios icónicos como o Quartel de Serpa Pinto, e, possivelmente, o Quartel de S. Brás.
Pobre cidade que teve no Cerco do Porto um acto épico, o mais heróico e libertador de um povo e de um país e nunca conseguiu encontrar um espaço para levantar um museu ao … Cerco do Porto.
Há coisas bem feitas? Claro que há. O Centro Português de Fotografia é um deles, assim como a recuperação de muitas casas e monumentos como foi o caso do Palácio dos Condes de Azevedo .
Mas assiste-se ao outro lado negativo, constituído pelo “varrer”, literalmente, do portuense do seu habitat natural, preferindo-se o turista porque acarreta mais valias. Assiste-se ao “arrebanhar” das pessoas, que pretendem visitar uma Sé Catedral ou uma Igreja de S. Lourenço, obrigando-os a percorrer um caminho com o objectivo de gerar mais valias.
Mas o Porto, é apenas um exemplo…
Em todo o caso esta é, de um modo geral, a mentalidade dos nossos “cultos” autarcas, alguns dos quais pretendem ser capazes de gerir um país …
O presente paper descreve um pouco desse Portugal de grande parte do século XIX, um país que foi perdendo a sua identidade que conduziu à queda do sistema.
Pretende ainda, por outro lado, chamar a atenção para a importância da cidade do Porto para a luta e conquistas do operariado em Portugal, um papel frequentemente esquecido, mas que é incontornável no movimento operário português.
No românico, com o incremento da importância da igreja na vida política, a “ideia” ganhava corpo sob a forma de um desenho que muda radicalmente a partir do século XIII, quando a religião e o feudalismo passam a ser os fulcros do poder. É o tempo do gótico quase imutável durante 300 anos que se estende pelo mundo conhecido onde a religião cristã estava implantada.
O Renascimento marca a abertura do espírito do Homem ao mundo, nomeadamente fruto das descobertas de natureza científica, a que se associavam as novas terras, novas gentes e novos hábitos.
Infelizmente o Saque de Roma e o anunciado Cisma da igreja, marcam um período de profundo recolhimento, onde os impérios se vão digladiando e a inquisição espalhando a morte de uma forma autocrática, assistindo-se a um retrair artístico representado pela arquitectura chã e maneirista.
À medida que o absolutismo ia chegando com o fim do século XVII, com o conceito de rei divino, as mais valias saídas da exploração dos novos mundos, metais preciosos, escravatura e especiarias, surge um novo boom artístico onde as classes poderosas, nomeadamente a realeza e a igreja são os principais encomendadores de arte barroca e rococó.
A queda do absolutismo, já no século XIX com a ofensiva napoleónica e com o crescimento da força inglesa e da sua política, acaba por expandir o neoclássico. A guerra sai dos mares e das planícies, para se instalar na Arte. Rocaille e neoclássico travam um combate artístico notável.
E hoje?
Ainda que o não sintamos, a verdade é que, hoje, há uma arquitectura que tomou conta do mundo. Nos dias que correm, onde o feudalismo medieval foi substituído por um feudalismo orçamental, o conceito de mais valia, pouco a pouco, vai tomando o lugar que, no passado, pertenceu a Deus. Assiste-se à construção em altura, numa óptica de fazer crescer muitas e muitas vezes um espaço e as consequentes mais valias, o motor do progresso, dizem.... Surgem os imóveis de grandes dimensões com um número indefinido de pisos, cuja génese veio do novo mundo. Contudo, numa Europa que fez o seu percurso no sistema de “trial and error” e criou os seus meios próprios de habitação e circulação ao longo de milénios, a nova arquitectura pode ser sinónimo de destruição quando encarada na óptica neoliberal que caracteriza o desenvolvimento de muitas cidades, onde o antigo é substituído, sem critério, por um modernismo bacoco. E hoje, assistimos ainda ao aparecimento do “monumento” moderno e/ou arrojado, levantado para perpetuar um qualquer político. Braga e Matosinhos, no campo mais negativo, são dois exemplos icónicos, com destruição de um passado histórico, em Braga e industrial, em Matosinhos.
No Porto, claramente, a óptica economicista levou a autarquia a executar verdadeiros crimes, demonstrando um respeito nulo pelos munícipes ao perpetrar verdadeiros atentados urbanísticos. Foi assim no Porto 2001, capital europeia da cultura, cujas manifestações foram exactamente o oposto do que é cultura. Actos irresponsáveis cometidos na destruição dos jardins de Barry Parker na Avenida e a destruição do jardim da Cordoaria, projecto de 1865 por Emile David que fazia de cada jardim, um potencial jardim botânico.
E a todos estes actos nenhum dos intitulados “historiadores da cidade do Porto” se opôs, continuando nos dias de hoje a cidade a ser miseravelmente maltratada, como acontece com as Fontainhas, perdendo a cidade a possibilidade de fazer renascer uns jardins suspensos, tirando partido das características únicas da escarpa ou mesmo, truncada de edifícios icónicos como o Quartel de Serpa Pinto, e, possivelmente, o Quartel de S. Brás.
Pobre cidade que teve no Cerco do Porto um acto épico, o mais heróico e libertador de um povo e de um país e nunca conseguiu encontrar um espaço para levantar um museu ao … Cerco do Porto.
Há coisas bem feitas? Claro que há. O Centro Português de Fotografia é um deles, assim como a recuperação de muitas casas e monumentos como foi o caso do Palácio dos Condes de Azevedo .
Mas assiste-se ao outro lado negativo, constituído pelo “varrer”, literalmente, do portuense do seu habitat natural, preferindo-se o turista porque acarreta mais valias. Assiste-se ao “arrebanhar” das pessoas, que pretendem visitar uma Sé Catedral ou uma Igreja de S. Lourenço, obrigando-os a percorrer um caminho com o objectivo de gerar mais valias.
Mas o Porto, é apenas um exemplo…
Em todo o caso esta é, de um modo geral, a mentalidade dos nossos “cultos” autarcas, alguns dos quais pretendem ser capazes de gerir um país …
No românico, com o incremento da importância da igreja na vida política, a “ideia” ganhava corpo sob a forma de um desenho que muda radicalmente a partir do século XIII, quando a religião e o feudalismo passam a ser os fulcros do poder. É o tempo do gótico quase imutável durante 300 anos que se estende pelo mundo conhecido onde a religião cristã estava implantada.
O Renascimento marca a abertura do espírito do Homem ao mundo, nomeadamente fruto das descobertas de natureza científica, a que se associavam as novas terras, novas gentes e novos hábitos.
Infelizmente o Saque de Roma e o anunciado Cisma da igreja, marcam um período de profundo recolhimento, onde os impérios se vão digladiando e a inquisição espalhando a morte de uma forma autocrática, assistindo-se a um retrair artístico representado pela arquitectura chã e maneirista.
À medida que o absolutismo ia chegando com o fim do século XVII, com o conceito de rei divino, as mais valias saídas da exploração dos novos mundos, metais preciosos, escravatura e especiarias, surge um novo boom artístico onde as classes poderosas, nomeadamente a realeza e a igreja são os principais encomendadores de arte barroca e rococó.
A queda do absolutismo, já no século XIX com a ofensiva napoleónica e com o crescimento da força inglesa e da sua política, acaba por expandir o neoclássico. A guerra sai dos mares e das planícies, para se instalar na Arte. Rocaille e neoclássico travam um combate artístico notável.
E hoje?
Ainda que o não sintamos, a verdade é que, hoje, há uma arquitectura que tomou conta do mundo. Nos dias que correm, onde o feudalismo medieval foi substituído por um feudalismo orçamental, o conceito de mais valia, pouco a pouco, vai tomando o lugar que, no passado, pertenceu a Deus. Assiste-se à construção em altura, numa óptica de fazer crescer muitas e muitas vezes um espaço e as consequentes mais valias, o motor do progresso, dizem.... Surgem os imóveis de grandes dimensões com um número indefinido de pisos, cuja génese veio do novo mundo. Contudo, numa Europa que fez o seu percurso no sistema de “trial and error” e criou os seus meios próprios de habitação e circulação ao longo de milénios, a nova arquitectura pode ser sinónimo de destruição quando encarada na óptica neoliberal que caracteriza o desenvolvimento de muitas cidades, onde o antigo é substituído, sem critério, por um modernismo bacoco. E hoje, assistimos ainda ao aparecimento do “monumento” moderno e/ou arrojado, levantado para perpetuar um qualquer político. Braga e Matosinhos, no campo mais negativo, são dois exemplos icónicos, com destruição de um passado histórico, em Braga e industrial, em Matosinhos.
No Porto, claramente, a óptica economicista levou a autarquia a executar verdadeiros crimes, demonstrando um respeito nulo pelos munícipes ao perpetrar verdadeiros atentados urbanísticos. Foi assim no Porto 2001, capital europeia da cultura, cujas manifestações foram exactamente o oposto do que é cultura. Actos irresponsáveis cometidos na destruição dos jardins de Barry Parker na Avenida e a destruição do jardim da Cordoaria, projecto de 1865 por Emile David que fazia de cada jardim, um potencial jardim botânico.
E a todos estes actos nenhum dos intitulados “historiadores da cidade do Porto” se opôs, continuando nos dias de hoje a cidade a ser miseravelmente maltratada, como acontece com as Fontainhas, perdendo a cidade a possibilidade de fazer renascer uns jardins suspensos, tirando partido das características únicas da escarpa ou mesmo, truncada de edifícios icónicos como o Quartel de Serpa Pinto, e, possivelmente, o Quartel de S. Brás.
Pobre cidade que teve no Cerco do Porto um acto épico, o mais heróico e libertador de um povo e de um país e nunca conseguiu encontrar um espaço para levantar um museu ao … Cerco do Porto.
Há coisas bem feitas? Claro que há. O Centro Português de Fotografia é um deles, assim como a recuperação de muitas casas e monumentos como foi o caso do Palácio dos Condes de Azevedo .
Mas assiste-se ao outro lado negativo, constituído pelo “varrer”, literalmente, do portuense do seu habitat natural, preferindo-se o turista porque acarreta mais valias. Assiste-se ao “arrebanhar” das pessoas, que pretendem visitar uma Sé Catedral ou uma Igreja de S. Lourenço, obrigando-os a percorrer um caminho com o objectivo de gerar mais valias.
Mas o Porto, é apenas um exemplo…
Em todo o caso esta é, de um modo geral, a mentalidade dos nossos “cultos” autarcas, alguns dos quais pretendem ser capazes de gerir um país …
O presente paper descreve um pouco desse Portugal de grande parte do século XIX, um país que foi perdendo a sua identidade que conduziu à queda do sistema.
Pretende ainda, por outro lado, chamar a atenção para a importância da cidade do Porto para a luta e conquistas do operariado em Portugal, um papel frequentemente esquecido, mas que é incontornável no movimento operário português.